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A cidade de Borba é sede do concelho de Borba, pertencente ao distrito de Évora, que abrange cerca de 14.500ha e é composto por quatro freguesias: Matriz (4.123ha), Orada (5.083ha), Rio de Moinhos (5.292ha) e São Bartolomeu (14ha).
O Concelho de Borba está situado no Alentejo, no extremo norte do Distrito de Évora, confrontando a Norte e nascente com o Distrito de Portalegre e o Concelho de Vila Viçosa, a Sul com os municípios do Alandroal e Redondo e a poente com o Concelho de Estremoz.
Situa-se na “Zona dos Mármores”, designação porque é conhecida esta sub-região do Alentejo, que possui uma especificidade própria dada pela especialização que apresenta a atividade económica que lhe dá o nome: extração e transformação de mármores.
Do ponto de vista da sua localização geográfica no contexto da rede urbana, a cidade de Borba está numa posição equidistante entre dois centros urbanos de âmbito regional, que são Évora e Portalegre, e ainda Badajoz (cerca de 50 Km de distância a cada um dos centros), bem como a igual distância do Grande Lago Artificial do Alqueva.
O concelho apresenta-se heterogéneo relativamente à ocupação do espaço. Assim, pode-se distinguir uma área, para norte da EN4, quase totalmente constituída pela freguesia da Orada, pouco povoada, e onde predomina a atividade agrícola, com destaque para a cultura da vinha e as culturas cerealíferas. Uma faixa central compreendida entre a EN4 e a Serra D’Ossa, abrangendo as freguesias de S. Bartolomeu, Matriz e a quase totalidade da Freguesia de Rio de Moinhos, onde predomina a cultura da vinha e do olival, aliadas às culturas de leguminosas e criação extensiva de gado. Além destas culturas agrícolas encontra-se uma importante atividade industrial ligada à extração e transformação de mármores. Surge ainda uma zona sul, entre o CM 1042 e o limite do Concelho, integrada na freguesia de Rio de Moinhos, zona montanhosa, praticamente despovoada e onde predomina a atividade florestal. É particularmente área de montado e eucaliptal, ocupada também pela criação extensiva de gado que fornece matéria-prima à importante atividade de lacticínios existente na freguesia de Rio de Moinhos, principal motivo para a realização anual de uma Feira do Queijo de Borba (pela Páscoa), já com uma dezena de edições, de âmbito regional, tendo como objetivo a promoção de um produto regional de excelência.
De origem antiquíssima, nome “Borba” tem sido motivo para grande especulação. A tradição aponta como justificação para tal, o facto de ter sido encontrado, numa fonte existente no Castelo da Vila de Borba, um grande barbo (peixe de água doce). Ora, no decurso do tempo, o nome “Barbo” teria degenerado para “Borba”. Outra das explicações assenta na palavra grega “Borboros”, que significa “lama no fundo de água estagnada”. Uma terceira hipótese indica que o topónimo “Borba” descenda da palavra árabe Burj, que significa “torre”, o que se coaduna com a circunstância de Borba ter sido conquistada aos Árabes, em 1217, pelo Rei D. Afonso II.
A maior parte das notícias que até nós chegaram sobre a origem da povoação são pouco conclusivas. Pouco se sabe dos primeiros habitantes apenas podemos tecer algumas conjeturas. As condições naturais que envolvem o concelho sugerem a facilidade de fixação de grupos humanos. A hipótese de que outros habitantes anteriores aos Celtas povoassem o “ameno vale circular”, onde se circunscreve a vila de Borba, não deixa de ser bastante lógica. O Padre Joaquim Anselmo (autor da única monografia existente sobre o concelho), já sugeria tal, assim, “a fundura das suas raízes”, de que fala Jaime Cortesão, pode bem ser atribuída à época neolítica, de acordo com os achados arqueológicos.
Em 1217, no reinado de D. Afonso II, é tomada aos Árabes, pela Ordem Militar de Avis. D. Dinis atribui-lhe Foral em 1302. A área do concelho (circunscrita no Foral) era bastante inferior aos actuais limites. Faltava-lhe quase toda a área correspondente à freguesia de Rio de Moinhos (pertença do concelho de Estremoz, à altura), contudo, possuía duas pequenas parcelas das freguesias de Terrugem (Elvas) e dos Arcos (Estremoz). O Barbo foi escolhido como distintivo do concelho, na altura de concessão do Foral.
Foi também D. Dinis quem promoveu o amuramento acastelado da povoação. O castelo dispunha-se em planta quadrilateral e a sua construção obedeceu ao sistema corrente das fortificações similares da região. De grossa alvenaria, tinha amuramento espesso em altura normal, coroado por merlões góticos e de largo adarve que corria a muralha. O fosso, pouco profundo, desapareceu com a construção do casario que se foi desenvolvendo na face exterior. Pelos inícios do Séc. XVIII, o governo militar da província determinou envolver a vila por um campo entrincheirado, com fossos, estacaria e estradas cobertas, obra que foi apenas esboçada e de que ainda existiam vestígios em 1766. Do castelo, edificado ou remodelado do Séc. XIII conserva-se a torre de menagem e duas portas, a de Estremoz e a do Celeiro.
Pouco se sabe de Borba, do período que medeia a concessão de Foral (reinado de D. Dinis) ao final do reinado de D. Fernando. A principal causa desta lacuna parece ser a destruição do cartório da Câmara, por ordem de D. João de Áustria, quando tomou o Castelo, durante a Guerra da Restauração. Ora, foram tempos difíceis para o concelho, os anos da crise de 1383 – 1385, a vila sofreu forte ruína com a passagem das tropas inglesas do Duque de Lencaster, que acolhido como aliado e amigo, procedeu como em país conquistado, ultrajando, espoliando e roubando os alentejanos. Finda a crise, Borba é doada (com outras terras alentejanas) a D. Nuno Álvares Pereira.
O século XV corresponde a grande período de expansão. Tal como sucedeu por todo o país, com os Descobrimentos Portugueses, Borba viu a sua população prosperar, em número e riqueza. No reinado de D. Manuel, em 1512, é-lhe atribuído novo Foral (a 1 de Junho).
Com domínio Filipino, a Guerra da Restauração e as sistemáticas incursões das tropas castelhanas, comandadas por D. João de Áustria, o concelho arruinou-se e perdeu população. Desta altura fica a memória de um acontecimento notável da história Borbense, o enforcamento do governador do Castelo, Rodrigo da Cunha Ferreira, e de mais dois capitães portugueses da guarnição, no verão de 1662, após a invasão vitoriosa do exército de D. João da Áustria. Este terá mandado cometer o atroz ato como vingança pela morte de três capitães, um sargento e 20 soldados das suas forças, além de 50 feridos. A memória dos povos guardou a efeméride na tradição toponímica, com a “Rua dos Enforcados”, que passou depois a chamar-se Rua Direita. Não contente com a sua represália, D. João da Áustria mandou ainda incendiar os Paços do Concelho e o Cartório Municipal, perdendo-se todos os manuscritos antigos da história de Borba.
Em 1665, Borba esteve ocupada por três infantarias e um terço de cavalaria, e a população sofreu novamente o pânico da terrível invasão, que desmoronou no campo de Montes Claros, com a derrota dos exércitos de Filipe IV.
A Batalha de Montes Claros (a 17 de Junho de 1665), travada em solo borbense, marca a derrota dos castelhanos nas Guerras da Restauração. Pela Vila e concelho são inúmeros os elementos alusivos à Batalha e ao comandante das tropas portuguesas, o Marquês de Marialva. Assinada a paz, o concelho de Borba prosperou. Ativou-se a cultura dos cereais, aumentou-se a área de olival e multiplicaram-se os vinhedos, afirmando-se mais no país a já antiga fama dos seus vinhos. Desta época, salientam-se as construções da Fonte das Bicas, os Paços do Concelho e vários Palácios.
O princípio do século XIX marca, para Borba, uma fase de infortúnios com a Primeira Invasão Francesa. Durante a Guerra Peninsular levantou-se em Borba um grupo de milicianos que figurou na defesa de Évora, em 29 de Junho de 1808. Pouco depois, entre 1809 e 1811, na vila, alojou-se uma brigada escocesa do exército anglo-luso de Beresford.
Pela Reforma Administrativa de 1834, os limites concelhios foram alterados com a anexação da freguesia de Rio de Moinhos e perda de pequenas áreas das localidades de Arcos e Terrugem. Em 1895, o concelho foi extinto e anexado a Vila Viçosa, no entanto, é restaurado três anos mais tarde, pelo Decreto de 13 de Janeiro de 1898.
A partir do início do século XX, o sector dos mármores começa a ganhar peso na economia local, com destaque para o período que vai de 1910 a 1926. Já na segunda metade do século XX, o vinho surgiu como produto de grande importância, sendo, ainda hoje, a par do mármore, o principal pilar da economia do concelho.
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